quinta-feira, 21 de abril de 2011

Teu cheiro, teu gosto

Colar meu rosto ao teu peito

sentir teu gosto

teu cheiro

aconchego de pele

sabor sentido

na boca

degustado lentamente

gosto de entrega

mergulho cego

nestas tuas águas cristalinas

VÔO

espreguiçado...


... POUSO ...


na relva dos teus pêlos...

CARÍCIA

CORPO A CORPO ATÉ

O ÊXTASE.


Ser feliz...


Ser feliz é assim:


um pedaço da gente
dançando na chuva
ao som do coração
que canta sem saber
de onde veio a letra...
se foi sem querer...

É abraçar o mundo
contente da vida
sem muito motivo
razão ou sentido
só por estar viva
e por ver um sorriso
que vem tão solto...

Ser feliz é uma fórmula,
o mapa de um tesouro
que nos dá a glória
de ver tudo em ouro
até o que não existe.


Ver a vida brilhando
entre pedras preciosas...

Ser feliz é acordar do teu lado sentindo
essa alegria intensa...

Sentir o calor do teu corpo junto ao meu...

E saber que AMAR você é tão diferente assim...

...bem assim...E o meu hoje é assim!

...bem assim...


domingo, 17 de abril de 2011

É fácil e é difícil

É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo.


[Fernando Pessoa]

Palpitante Coração



Encostada em seu peito
Ouço... Coração a bater
Respiro sentindo o perfume
Felicidade sorridente
Revelaste o segredo
Vi-te todo contente
Quase não pude acreditar
És realidade existente
Tens a humildade
Simplicidade presente
Curiosidade minha dizer
Sinceridade o teu transparecer!

[...]

Ser feliz sem definir


Posso ser apenas feliz sem definir felicidade
Posso sentir, dançar e chorar
Lágrima tem até brilho quando vaza com serenidade
Um sorriso largo e honesto pode julgar o verbo amar

Se a alegria está no coração
Até aquilo que parecia impossível
Até mesmo aquele tão esquecido perdão
Faz-se em um segundo uma cena imprescindível

Pode parecer estranho, mas não é nenhum crime
Ser feliz sem realmente ter motivo
Faz o seu livro ter o capítulo mais sublime

Não procure, nem perca tempo com explicação
Aproveite com toda alma esse presente
E eleve, sem culpa nenhuma, a sua construção.


[Stella Sammarco]

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A noite tão sonhada


Às vezes, no meio da noite, me pego pensando em você ...
Nas ruas, nas festas, em casa,
Vejo seu rosto pelas paredes sorrindo pra mim.
O brilho dos seus olhos nas estrelas,
o seu sorriso na luz da lua...


Você me pegou desprevenida
e com seu jeitinho fascinante de me olhar...de falar,
foi entrando nos meus pensamentos e em meu coração.


Quando chega perto de mim e me abraça,
meus lábios secam, meu coração dispara,
minhas mãos, ah! ficam trêmulas e geladas.
meus olhos brilham,
e você, como se não percebesse,
me beija o rosto e senta-se no sofá.


E eu sempre sonhando em ter você ao menos uma noite.
E agora, meu sonho se torna realidade.

Nos encontramos e dessa vez,
me olha de forma diferente, com malícia, desejo,
me deixando impaciente...insegura.

E eu...com um olhar tímido
me levanto e saio para a sacada.
Olhando as estrelas, sinto o seu aproximar
E num gesto rápido...sou beijada.

Um beijo maravilhoso e tão esperado!
Um frio gostoso me percorre...
Com lábios trêmulos e face corada,
Você me acalma e me beija novamente.

E tudo se prolongou...
Minhas mãos sentiam sua pele macia,
Você me abraçava forte, me envolvia.
Em seus beijos e suas carícias,
Eu simplesmente me perdia.

A noite chega ao fim...
Em casa, me deito e sinto
o seu perfume, a sua voz e
meu pensamento voa... voa pra você...
Uma noite inesquecível em que pude dizer
TE AMO...TE AMO...

[Carol®]
...

Por onde andou este tempo todo?

Por onde andou este tempo todo?
Te procurei pelo mundo...
Chamei-o em meus sonhos...
Subi pelas montanhas...
Escorreguei pela neve...
Mergulhei no mar...
Pra te encontrar...
Por onde andou este tempo todo???
Esperei por você...
Procurei em meus sonhos...
Enfrentei bruxas e dragões,
Corri de cobras e leões.
Esperei por você em minhas ilusões...
Por onde andou este tempo todo??
Me perdi no tempo,
me perdi ao relento,
supliquei ao vento
pra trazer você de volta para mim.
E, neste momento,
lágrimas se derramaram.
O sol se abriu...
Um arco-íris se formou no céu azul,
e aqui está você...
De volta para mim.

(Thaís Helena)

Os ombros suportam o mundo


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossege
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

[Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond]

Soneto da perdida esperança


Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa

com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.


[Carlos Drummond de Andrade]

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Poeminha amoroso

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

[Cora Coralina[

De tanto amar

Deixei de ouvir os sons do arrebol,

E o aroma das flores de apreciar,

De curtir áureos tons do pôr-do-sol,

Deixei. Por ti deixei... de tanto amar.

Olvidei de tanta crença, sonhos tantos,

Que me afastei de muita paixão antiga:

Leituras, preces, meditação, seus encantos,

Além da poesia – companheira e sempre amiga...

E se, de tanto amar, a tanto renunciei,

Quero crer que posso hoje, sem amarras, comentar

O sonho equivocado de que enfim eu despertei,

Sufocante, egoísta e sedutor... de tanto amar.


Mas, no ciclo das paixões a mover-se novamente,

É inútil prevenir-me desta vã constatação:

Que razão e emoção são um misto incoerente,

Traduzido em amor... desvario... excitação...

Pois agora a consciência, prudentemente, me diz

O mesmo que o coração insiste em me revelar:

Que de novo livre estou, pra ser ou não-ser feliz,

Ou, para mais uma vez, me esvair... de tanto amar.

Ao longe, ao luar

Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela ?
Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.

Que angústia me enlaça ?
Que amor não se explica ?
É a vela que passa
Na noite que fica.

[Fernando Pessoa]

Tenho tanto sentimento

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.


[Fernando Pessoa]