quinta-feira, 14 de abril de 2011

De tanto amar

Deixei de ouvir os sons do arrebol,

E o aroma das flores de apreciar,

De curtir áureos tons do pôr-do-sol,

Deixei. Por ti deixei... de tanto amar.

Olvidei de tanta crença, sonhos tantos,

Que me afastei de muita paixão antiga:

Leituras, preces, meditação, seus encantos,

Além da poesia – companheira e sempre amiga...

E se, de tanto amar, a tanto renunciei,

Quero crer que posso hoje, sem amarras, comentar

O sonho equivocado de que enfim eu despertei,

Sufocante, egoísta e sedutor... de tanto amar.


Mas, no ciclo das paixões a mover-se novamente,

É inútil prevenir-me desta vã constatação:

Que razão e emoção são um misto incoerente,

Traduzido em amor... desvario... excitação...

Pois agora a consciência, prudentemente, me diz

O mesmo que o coração insiste em me revelar:

Que de novo livre estou, pra ser ou não-ser feliz,

Ou, para mais uma vez, me esvair... de tanto amar.

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