sábado, 5 de junho de 2010

A voz do silêncio

Então, parei para interpretar a frase acima e ...
imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis pois, você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.

Um telefone mudo.
Um e-mail que não chega.

Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. 
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. 
O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, 
o silêncio, a ante-sala do fim. É mil vezes preferível uma voz
que diga coisas que a gente não quer ouvir,  pois ao menos as palavras
que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas,
jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado. 
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: 
" Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!
É o silêncio de um mandando más notícias para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. 
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. 
Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock, o silêncio é um sonho.
Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, 
o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto. 
É quando ninguém bate à nossa porta, 
não há recados na secretária eletrônica 
e mesmo assim você entende a mensagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário