segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Insônia



Alma de cristal velando angústias de metal.
Sonhos de papel embrulhando o ódio sem quartel.
Lembranças de coral gerando dores sem moral.
Essa é a luta-a disputa-a labuta-a contenda entre o ser e o seu destino,
entre o Amor e o seu verdugo,
entre a noite e a sua insônia.
Boas intenções... duras traições... fundas ilusões...
só desilusões, trazendo a raiva e roendo o grito e
lambendo o verso que esculpe sem rima essa-espera essa-entrega,
essa angústia que sem trégua aperta fundo
e mansamente inunda com calado pranto
as olheiras trasnoitadas carregadas de partidas sem retorno,
de ausências sem motivo, de olhares carentes,
clementes, silentes, dementes.
Assim fabrica a noite o seu discurso
até que o sono se rebele e diga basta!
... impondo mansamente a calma,
anestesiando docemente a angústia,
inaugurando finalmente o sono.

[Bruno Kampel]